sexta-feira, junho 1

A inquietação da dor e do desejo


       Para Epicuro, quando estamos vivendo prazerosamente, agimos conforme nossa natureza. Logo, na presença do prazer, há ausência de dor e sofrimento. A busca pelo prazer, na verdade, torna-se a busca da tranqulidade; porém, julguemos e qualifiquemos quais prazeres nos levam a tranqüilidade e quais nos levam a perturbação, o chamado ‘prazer instantâneo’.
       Porém, a busca não é o caminho, é apenas um meio de perturbação da alma. Logo, o desejo puro/verdadeiro surge naturalmente, sem busca ou obrigação de desejar algo, pois, se deseja algo, forçam-se os transtornos e a falsa esperança e assim a falta da tranqüilidade.


      Porquê sofremos?
      Para os Estoicos, o nosso sofrimento é fruto de um mau uso de nossa razão. Esperamos algo que o mundo não pode dar, coisas impossíveis de acontecer e falsos desejos. Sofremos por não entendermos que, por trás do aparente caos do mundo, há uma perfeita lógica e uma decorrente necessidade.
      Quando maiores nossa tentativa de moldar o mundo a nossa maneira, maior a frustração e o sofrimento. Quem vive sem conhecer as razões do mundo só experimenta a tranqüilidade por uma coincidência acidental.
      Para adequar a nossa razão, precisamos exercitá-la. Um desses exercícios é pensar o tempo. Por que nos preocupamos com o futuro, quando ele será necessariamente o que será? Mais vale entrega-lo e preocuparmos com o presente, o movimento. 

       O futuro nada é. E o passado, também não. Não temos, portanto, porque nos deixarmos dominar pela nostalgia nem pela esperança.   

           Basta que aproveitemos e que nos unamos a natureza.